Foi a “inteligência” marroquina (a ‘secreta’ mais eficaz em Molenbeek, na Bélgica…) que indicou a Paris o endereço do apartamento, onde se escondera o ‘comando’ jihadista, em Saint-Denis, nos arredores de Paris. O assalto da polícia francesa não permitiu que nenhum membro do ‘comando’ escapasse e saldou-se por três jihadistas mortos e oito presos. Dois dias depois, o presidente François Hollande recebeu o rei de Marrocos no palácio do Eliseu para lhe agradecer a preciosa colaboração. Como se sabe, os amigos são para as ocasiões e é na infelicidade que se descobre quem é realmente amigo. Mohammed VI (filho do legendário Hassan II) soube e pôde “ser amigo”… E Hollande não se fez rogado a agradecer-lhe e nem se revelou poupado nos agradecimentos.
Fica, porém, o amargo sublinhado de quem não pôde e não soube sê-lo quando lhe competia… Basta recordar o comunicado do ministério francês do Interior, bastante explícito, a afirmar que Paris não tinha recebido nenhuma informação sobre os atentados de nenhum Estado europeu e que apenas recebera, nas horas seguintes aos atentados, informação de um Estado não-europeu… Conclusão: os belgas não sabem nada do que se passa no seu território de Molenbeek mas, felizmente, há marroquinos a sabê-lo!
Também o comunicado oficial do Eliseu é muito explícito. Depois de referir que os dois chefes de Estado reafirmaram “a determinação partilhada para conduzir em conjunto o combate contra o terrorismo e a radicalização e trabalhar para a resolução das crises regionais e internacionais”, o comunicado oficial diz preto no branco que Hollande quis agradecer a Mohammed VI “a assistência eficaz de Marrocos na sequência dos atentados”. Uma recepção oficial no Eliseu e um comunicado oficial a que nenhum chefe de Estado ou de Governo da União Europeia teve direito… A operação dos jihadistas em Paris provou que esta Europa vai nua e que não é nada bonito nem atraente o que essa nudez mostra.