Uma demissão destas carece de alguma explicação pública. As Forças Armadas necessitam ser desagravadas e a opinião pública deve saber, por quem de direito, o que na realidade se passou.
A coisa conta-se em poucas palavras:
O Subdirector do Colégio Militar (CM) – Instituição das mais antigas e prestigiadas do país, com provas dadas e obra feita – deu uma entrevista a um órgão de comunicação social, na passada semana.
Nessa entrevista teceu considerações sobre como os casos de homossexualidade detectados no colégio – cujo corpo de alunos é formado, lembra-se, por menores e onde existe internato – são tratados, diria, que desde sempre.
O Tenente-Coronel – ele próprio, um ex-aluno – nada de grave exprimiu que pudesse pôr em causa a lei ou a moral pública; não faltou à verdade, nem revelou falta de senso ou defendeu qualquer ideia que possa ser interpretada como discriminatória. Tão pouco, ao que se sabe, incorreu em qualquer falta disciplinar.
Porém, logo que a entrevista viu a luz do dia, os tiranetes de serviço de uma área do politicamente correcto, mais as diferentes “antenas” do “lobby gay” (na versão “internacionalista soft”, mas com tradução apropriada em vernáculo lusitano), logo gritaram aqui d’el-rei, que há discriminação de género no Colégio Militar.
O Senhor Ministro da Defesa do alto da sua guarita, sita no Restelo onde, sempre vigilante, é suposto defender a Pátria, dando conta do alarido (que parte da comunicação social ampliou injustificadamente), mandou recado para o General Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) para que o Tenente-Coronel, no dia “x” à hora “y”, já estar removido da sua função (parece que, por enquanto, ainda não o condenou às galés…).
E é esta a razão que, aparentemente, leva o General Jerónimo – que sempre foi um bom militar e sobre quem não impende qualquer mácula – a apresentar a sua demissão. Demissão que também é fruto, seguramente, de um acumular de situações muito pouco apropriadas, de como os sucessivos governos e não só, têm tratado a Instituição Militar e os militares.
Foi uma espécie de “basta”!
Mas uma demissão destas carece de alguma explicação pública. Não só porque políticos que se comportam desta maneira não merecem qualquer respeito e não se devem poder ficar a rir, e porque as Forças Armadas necessitam ser desagravadas e a opinião pública deve saber, por quem de direito, o que na realidade se passou.
E ir ao Parlamento pode ser uma boa oportunidade para lhes esfregar com umas quantas verdades na cara!
Tudo o que se tem passado revela o nulo cuidado com que os sucessivos Primeiros-Ministros e PR, têm colocado na nomeação dos personagens que vão tutelar a pasta da Defesa (que na realidade nunca existiu, mas sim e apenas a função de ministro para as Forças Armadas…), pois é inadmissível, que tendo o ministro despacho directo com os Chefes dos Ramos, não fale pessoalmente com o CEME (ou lhe telefone) e lhe envie recados, dando ordens que não estão na sua competência dar, e desrespeitando os regulamentos e a Deontologia Militar.
Por isso quem devia ser demitido era o Ministro – que não sabe o que anda a fazer – e não ter sido aceite a demissão do Comandante do Exército. Aqui o Presidente da República tergiversou.
Convém ainda colocar os pontos nalguns “is”: em primeiro lugar o senhor, por enquanto ministro, tem que perceber que o Exército não funciona propriamente como um Partido Político; e, depois, deve meter na sua cabecinha que as Forças Armadas não têm rigorosamente nada a ver com os equilíbrios políticos, que o seu Partido tem que fazer para se manter à tona de água (isto é, no Poder). E se andam acossados pelo Bloco Canhoto aturem-nos como quiserem, mas não tentem interferir e macular as instituições que são o esteio do País e os seus servidores.
Se o Conselho Superior do Exército se tivesse demitido em bloco e os Chefes dos outros Ramos tivessem mostrado solidariedade, talvez outro galo cantasse.
Mas pelos vistos o que está a dar são as marchas de orgulho “gay”. Ainda tenho esperança de lá vir a ver um general, fardado e tudo!
Uma outra razão que, estamos em crer, levou a esta decisão por parte do CEME foi a falta de actuação do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, General Pina Monteiro, que terá condescendido com a aberração ministerial, deixando cair o seu subordinado e não se opondo à imolação do subdirector do CM.
Fonte: publico.pt / Autor: João J. Brandão Ferreira
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