quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Artes Marciais – O património do Guerreiro

Platão entendia o exercício como uma preparação para a guerra. A formação do atleta-soldado, Guardião da Cidade-Estado, começava em tenra idade. Platão baseou-se em grande medida na disciplina e organização dos espartanos para escrever a “República”.
Galeno, considerava a “gimnástica” como filha e protectora de um estado harmónico do corpo, auxiliar importante da saúde.
Os romanos cultivaram também a cultura física do corpo, como provam tantos ginásios de gladiadores, que tal como as Legiões se treinavam tendo por finalidade a guerra.
Murais gravados no antigo Egipto, mostram-nos exercícios com e sem armas com finalidades atléticas e guerreiras.
A milenária cultura chinesa também não é excepção, o treino e táctica marcial faz parte integrante da sua história. O famoso manuscrito de Sun Tzu, A Arte da Guerra, é disso um exemplo.
Na chamada Idade Média europeia praticavam-se lutas com armas, justas e torneios. O treino marcial era completado por ensinamentos filosóficos e religiosos.
O Japão, os seus Samurais, e o famoso “código” Bushido.
A “mágica” Índia, o Bhagavad-Guitá, esse esotérico poema guerreiro…

Considerações teóricas sobre a prática “marcial-legionária”

O indivíduo deve aprender a conhecer o seu corpo, as suas limitações, as suas vantagens. As melhores técnicas são aquelas que se harmonizam com o nosso corpo pois só assim serão efectivas. O praticante não fica por conseguinte obrigado a executar técnicas que a sua idade, morfologia, constituição física e outros factores não permitem. Como exemplo, não vamos colocar um idoso a executar um pontapé alto, pois não seria efectivo e devido à idade poríamos em risco a sua integridade física. Portanto digamos que o pontapé indicado seria (por exemplo) ao nível do joelho e para o joelho. Surge agora a questão: se um “velhote” consegue com alguma facilidade acertar e partir um joelho, o que não fará um jovem bem treinado! Haverá portanto necessidade de numa confrontação real, darmos pontapés para a “Lua”?
O “estilo” legionário busca o que é eficaz. Quando a nossa vida ou a dos nossos estiver em risco tudo serve para sair ileso. Daí nos nossos treinos incluirmos algumas armas que muitas vezes se encontram “à mão”, como é o caso de um simples pau ou um qualquer objecto cortante e¬/ou perfurante… uma simples revista de leitura bem enrolada pode tornar-se uma arma eficaz quando manejada por mãos treinadas.
Não inventamos, contudo, nenhuma “nova” arte marcial e a ideia é fazer com que os nossos amigos se libertem de estilos que os condicionam e limitam, e quem está limitado sai perdedor, o que na rua pode querer dizer morto ou gravemente ferido.
Muitas pessoas pensam que um extenso reportório técnico é muito importante quando na prática, na maior parte das vezes, o que o nos vai ajudar é aquele murro, ou pontapé, certeiro que foi mil vezes treinado.
Por isso saber uns “truques” é bom, treiná-los com frequência é melhor, mas não é tudo: numa confrontação real, que não sabemos quando e onde vai ter lugar, nem quantos inimigos vamos enfrentar, se estão armados e com quê?... nestas situações digo-vos que a técnica não é o factor que vem em primeiro lugar!
Vejamos:
Imaginemo-nos a fazer a coisa tecnicamente tão simples como caminhar em linha recta a uma altura de três ou quatro andares sobre uma tábua suficientemente larga para caminhar com a simplicidade (técnica) com que o faríamos no chão… Experimentem, vão reparar que a coisa não é assim tão fácil. Vários factores influenciaram a simples técnica de andar, portanto o que é necessário em primeiro lugar para atravessar a tábua?
- Coragem, confiança nas próprias capacidades e uma grande vontade de vencer.
- Fisicamente capaz, ou seja, estar fisicamente preparado.
- Em terceiro lugar a Técnica (de andar) que só é possível após a “decisão MENTAL” e a capacidade física para executar o acto.
Não é esta também uma (a) trilogia da sobrevivência?
Esperamos agora que tenham encontrado explicação para algumas interrogações!... Cada um tem os seus medos, que precisa encontrar, compreender e exorcizar. Muitos bons atletas falham em momentos cruciais, incapacitados de fazer aquilo para que treinaram diariamente. Por outro lado uma frágil mulher é capaz de realizar uma grande proeza “física” levantando sozinha um pesado tronco debaixo do qual o seu filho ficara entalado!

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